terça-feira, 25 de outubro de 2011

SELEÇÃO, RECRUTAMENTO E REDES SOCIAIS

O uso das redes sociais como0 ferramentas invasivas de trabalho em R&S
Há tempos venho percebendo a produção de textos sobre o tema. Há tempos vejo profissionais se utilizando de redes sociais para “conhecer melhor” seus candidatos a cargos oferecidos.



Particularmente acho uma invasão de privacidade este uso, uma vez que colocamos quem queremos em nossas redes sociais e nenhum selecionador ou recrutador é, de antemão, nosso amiguinho para estar nelas. Nas redes colocamos questões pessoais, piadinhas, fazemos campanhas das mais variadas e temos inclusive a possibilidade de compartilhar estas informações com quem quisermos em detrimento de outros.



Também considero uma invasão de privacidade, na medida em que para se ter acesso ao Orkut, Facebook ou outras redes do candidato, na maioria das vezes, é necessário seu consentimento, consentimento este que pode ser dado apenas por medo de não continuar no processo seletivo caso negue a autorização. Além do mais, nestas redes, detalhes muito pessoais do candidato estão expostos somente para quem ele confia. Que interesse pode ter um selecionador nas fotos do candidato num jantar de amigos? Que interesse pode ter um selecionador nas conversas debochadas sobre desavenças no futebol? Que interesse pode ter um selecionador em conversas pessoais, marcações de saídas, combinações de viagens, etc... ? Não consigo ver uma razão lógica, a não ser a razão de estar sendo guiado por um senso fofoqueiro e bisbilhoteiro sem tamanho! O argumento da pesquisa e avaliação 360º para bisbilhotar as redes sociais também não tem solidez alguma... há outras ferramentas para isto.



Existem redes sociais profissionais e, é com esta, que o selecionador deve se preocupar. Pode solicitar gentilmente ao candidato que tenha acesso ao que divulga nelas. Há que se ter a sensatez de perceber que nestas redes, o lado teatral de muita gente cresce... para isso mesmo elas existem também, para favorecer a desinibição. Neste caso o selecionador deve ter muito cuidado para não confundir fantasia (brincadeiras) e realidade do candidato.



Modismos vão, modismos vêm, tecnologias aparecem a cada dia e se inserem em nossos trabalhos e relações no mundo. O excesso de exposição não deve gerar, na mesma medida, uma curiosidade bisbilhoteira de recrutadores e selecionadores em nome das “facilidades que a tecnologia nos oferece para o trabalho”.



Não é mais possível acreditar nos curriculuns? Não é mais possível acreditar na grafologia? Não é mais possível associar técnicas clássicas e eficientes como entrevistas, dinâmicas, simulações, testes projetivos e psicotécnicos?



Qual o interesse do selecionador em saber o que o candidato achou do terno do príncipe William em seu casamento? Ou o que pensa da “feijodada da tia Lourdes” aos domingos? Processo seletivo é uma coisa, voyerismo é outra bem diferente... pelo menos estes profissionais de R&S poderiam ter a elegância de autorizar que sejam deletados das redes dos candidatos depois que eles forem aprovados. Não há a necessidade de um controle da vida íntima e social dele. Todos querem conhecer a vida de todos e poucos querem conhecer e melhorar a própria. Parece que “ver novela”, ou bisbilhotar redes sociais, o que dá no mesmo, continua sendo um anestésico para as próprias dores e defeitos, via de regra projetados nestas duas instâncias.



Não há a necessidade também de expor amigos, colegas e conhecidos, às bisbilhotices e “avaliações” de profissionais que selecionam usando as redes como ferramentas. É o cumulo da falta de educação expor amigos e familiares, por exemplo, com questões muitas vezes bem particulares, aos olhos de curiosos profissionais.



Todos tem seus segredos e podem ou não querer compartilhar com um ou outro. Todos tem suas vidas sociais e podem ou não querer compartilhar com seus empregadores. Ninguém é obrigado a isto e quem obriga é déspota disfarçado de técnico no assunto, além de desinformado sobre ferramentas poderosas que conseguem vasculhar as competências e princípios dos candidatos, coisa que nenhuma rede social consegue. Ferramentas poderosas não podem ser enganadas, redes sociais estão a serviço também da “cara” que cada um quer ter. Elas podem enganar e muito!







*Ricardo Mendonça é consultor em Recursos Humanos, mestre em Psicologia PUC/RJ e especialista em Educação a Distância (EAD). Consultor do IVAR, Instituto do Varejo - RJ e consultor por 6 anos do IBQN na área da gestão da qualidade total. Formação como avaliador do PQ/RIO 99. Escritor e palestrante. Realiza instrutoria e desenvolve projetos de treinamentos nas áreas gerencial e de gestão de negócios, tutor EAD do Sebrae Nacional e sócio diretor da Diferencial Educação & RH.

Nenhum comentário:

Postar um comentário