terça-feira, 10 de abril de 2012

Antropologia, Marketing e Inovação

Postado em 9 de abril de 2012 por Leandro Borges

Acreditamos na LUZ que o interesse e estudo de outras áreas que não apenas a gestão de empresas é essencial para fortalecer nossa visão enquanto empreendedores. No meu caso, sou especialmente fascinado com a influência que os estudos antropológicos e sociológicos possuem na formulação de estratégias de marketing e inovação.

Não quero, neste post, viajar na maionese, mas, pelo contrário, tentar criar um link entre as grandes “viagens” conceituais e as aplicações práticas e bastante visíveis no nosso dia-a-dia. Para tal, resolvi por dividir esse post em tópicos de “tendências” com sua explicação conceitual resumida e exemplos reais que nos permitem perceber esses fenômenos.

1) O SOBREVIVENTE

“Todos os desejos humanos de imortalidade contêm um pouco da mania de sobreviver. O homem não quer ficar apenas para sempre, ele quer ficar quando os outros já não estejam mais. Cada qual quer chegar a ser o mais velho e saber disto, e quando ele próprio já não existir as pessoas deverão continuar sabendo o seu nome.
A forma mais baixa de sobrevivência é a de matar. (…)”
Elias Canetti - Massa e poder

Em outras palavras, nós, na luta eterna e inalcansável contra a morte, buscamos e nos contentamos em, pelo menos, ficar por último. Este é um desejo profundo e que pode ser encontrado em diversos momentos da vida em sociedade, seja na busca por ser o melhor aluno da turma, o último a cair na bebedeira ou, em última instância, ser o último a morrer.

Ao me deparar com essa campanha da DIESEL, Global Warming Ready, não pude deixar de sentir que ser um cliente deles, indiretamente, é sobreviver. Um perfeito caso de encaixe entre um famoso estudo antropológico baseado em exemplos de sociedades primitivas e o nosso dia-a-dia de consumo e criação de identidade. Vejam as evidências abaixo:


Quem quiser ver todas as fotos desta campanha, pode encontrá-las neste site: http://theinspirationroom.com/daily/2007/diesel-global-warming-ready/

CONCLUSÃO: O seu produto ou a sua comunicação tem levado em consideração e apelado ao nosso forte instinto de sobreviver? Como podemos provocar o desejo de imortalidade de nossos clientes?

2) FESTIFIZAÇÃO DA VIDA (Sim, peço licença para tentar criar um novo termo) :P


Em mais de um estudo sociológico, os pesquisadores apontam que estamos em um momento históricono qual o prazer e a felicidade são os maiores valores das sociedades. Acredito que esse é um dos poucos pontos quase que unânimes dentro de tudo que estudei. Já introduzi o tema quando falei sobre Segmentação de Mercado e a Felicidade Democrática e acredito que esse é um ponto que deve ser reforçado.

Como já falamos, a busca pela felicidade e o prazer, dentro dessa era Dionisíaca , é responsável pela hiper-segmentação de mercado. No entanto, ela também tem outra faceta interessante dentro da área de marketing: transformar todo tipo de contato com a empresa em um festa, em um momento de prazer e divertimento.

Dentro desse cenário temos: (a) a loja da Abercrombie & Fitch na 5 Avenida em Nova Iorque que tem um clima de boate e modelos semi-nus o ano inteiro; (b) a iniciativa da Farm em janeiro deste ano ofecerendo shows com comes e bebes gratuitos dentro da sua loja de Ipanema; (c ) a loja conceito Reserva + na Galeria River que também possui um calendário de eventos particular.

abercrombie e fitch - loja quinta avenida
verão na farm de ipanema
reserva mais - loja conceito na galeria river

Sim, o pessoal da moda saiu na frente dessa tendência. No entanto, as empresas de bebida e cigarros já sabem disso há muito tempo. Só para citar dois bons exemplos: temos o caso do Free Jazz e, mais recentemente, o Carnaval da Boa aqui no Rio.

CONCLUSÃO: Vamos pensar em maneiras mais lúdicas e divertidas de envolver o ciente em contato com nossos pequenas empresas seja com um happy hour, um jantar ou um churrasco.

3) CONSUMO PARA SER, NÃO PARA TER OU O EXPLORADOR


A mudança no comportamento do consumidor que mais me chama atenção é a transição do TER para o SER. Esse ponto está intimamente ligado com a questão da felicidade do tópico anterior que batizei de festifização da vida. Ao contrário do que pensamos e vivenciamos no passado, o consumo não é tanto uma questão de status (embora ela ainda exista), mas uma questão de melhoria da qualidade de vida e performance individual.

Logicamente, este fato está amplamente relacionado com a famosa experiência do cliente. Hoje, quando falamos de marketing estamos cada vez mais vendendo uma experiência e não apenas um produto ou serviço, e isso é justamente a questão do ser. Dentro do mundo das start-ups, podemos ver isso acentuadamente nos negócios que incentivam e facilitam o carater explorador de cada um de nós. Vamos ver? (reparem nas taglines de cada uma)





CONCLUSÃO: Seu produto ou serviço melhora a performance individual de seus clientes de alguma maneira? Temos como aproveitar isso para ter um apelo de venda mais poderoso?

 CONVITE FINAL:

Se você, leitor do nosso blog, também é entusiasta de antropologia ou simplesmente conhece outros bons exemplos tanto das tendências que apresentei aqui quanto de outras tantas que ficaram de fora desse post, por favor, deixe seu comentário!

REFERÊNCIAS PARA APROFUNDAR NO TEMA:

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