quarta-feira, 23 de julho de 2014

Você já ouviu falar em Marketing 3.0?


O texto aborda uma nova estratégia de marketing focada nos valores da organização. E, graças à nova forma de conexão e comunicação da sociedade, onde a informação transita de forma instantânea e sem fronteiras, o marketing passou a ser chamado de Marketing 3.0

Clarice de Souza,
Quando participei da palestra “O novo papel do marketing na economia conectada por redes”, ministrada por Philip Kotler em Porto Alegre, fui pensando que ouviria um discurso focado em uma nova plataforma, baseado em comunicação digital. Logo que lá cheguei, troquei ideias com algumas pessoas e muitas delas faziam o mesmo julgamento.
Para minha grata surpresa, apesar da relação direta com o tema, Kotler abordou uma nova estratégia de marketing focada nos valores da organização. E, graças à nova forma de conexão e comunicação da sociedade, onde a informação transita de forma instantânea e sem fronteiras, o marketing passou a ser chamado dessa maneira.
Reforçando, marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, oferecer e trocar ofertas que tenham valor para os consumidores, clientes, parceiros e para a sociedade como um todo.
 O marketing gira em torno de três disciplinas importantes: gestão do produto, gestão de clientes e gestão da marca.
Quando falamos em gestão de produtos, devemos levar em consideração tudo que tange a esse universo, ou seja, produto, preço, praça e promoção – os famosos 4 Ps de Marketing, que abordarei também nessa coluna. Na atual abordagem do marketing 3.0 o principal fator relacionado a administração desses pontos dentro de uma empresa deve ser a cocriação. E o que isso significa? Com as atuais tecnologias o consumidor passou a interagir diretamente com as empresas, elogiando ou criticando organizações, produtos e processos em suas redes sociais, criando muitas vezes, virais que circulam rapidamente e formam novas opiniões. Diante disso, gestores de marketing devem estar preparados, mais do que nunca, a ouvir o consumidor e faze-los partícipes do processo de criação de produtos. Como exemplo de algumas empresas que utilizam-se desse processo estão Lego e Harley-Davidson, que fazem workshops com clientes para o desenvolvimento de novos produtos.
Na gestão de clientes, estamos falando de segmentação, targeting e posicionamento. Ou seja, é necessário conhecer qual o mercado de atuação da empresa, qual o foco e como posicionar-se para o seu público-alvo. O foco da gestão de clientes é a formação de comunidades, de grupos defensores da marca. Uma empresa que presta ações sociais na região onde está instalada, por exemplo, pode ter uma forte adesão da comunidade e isso poderá se espalhar, tornando-a uma empresa do bem. Um exemplo de empresa que tem uma forte adesão de seus clientes, não clientes e comunidades é a Natura, a única empresa brasileira a participar do ranking das 20 mais valiosas do segmento na América Latina, segundo Exame.com.
E, em gestão de marcas, o propósito é a construção de marcas fortes, com ênfase na construção de caráter. A marca precisa ter personalidade, ser verdadeira. A gestão de marcas começa dentro da organização e a gestão de marketing é movida por valores. O objetivo do marketing passa a ser tornar o mundo um lugar melhor, propulsionado pela nova onda de tecnologia, onde o mercado deixa de ser de compradores (marketing 1.0) ou de consumidores (marketing 2.0) e passa a ser de seres humanos plenos, com coração, mente e espírito (marketing 3.0). Diante disso, a visão, missão e valores da organização devem conduzir todas as ações internas e externas, com a colaboração de funcionários e clientes na gestão de marketing. É um belo desafio tornar clientes e funcionários proprietários da marca, que se sintam à vontade para experimentar, sugerir, criticar. E, claro, contar aos outros e convencê-los a comprar seus produtos. Esse poder de convencimento é cada vez menos o papel do marketing. O marketing agora precisa difundir os valores e o cliente concluir, por ele mesmo, que vale a pena consumir o seu produto ou serviço.

E aí, preparado para essa era da participação e colaboração?

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